DOMINGO IV TEMPO DO ADVENTO ANO C





O evangelho do próximo Domingo é a narração da visita de Maria à sua prima Isabel, segundo o relato de Lucas. Nesta passagem, encontram-se duas das figuras centrais do Advento: Maria e João. Ambos têm uma missão a cumprir e dessa missão nos viria o Salvador.

Maria sai da sua casa para ir ao encontro da sua prima Isabel que estava para ser mãe de João Baptista. O impulso da caridade fraterna leva Maria a sair do seu espaço para se entregar aos cuidados de Isabel que carecia da sua ajuda. Mas Maria não vai só: leva Jesus no seu seio. Ao chegar junto da sua prima, o menino exultou-lhe no seu seio. A presença de Maria que também estava à espera de ser Mãe, suscita o Espírito Santo em Isabel, inundando-a de louvores e de bênçãos: Isabel ficou cheia do espírito Santo, refere o texto de Lucas. Por isso, bendiz o Senhor porque Maria escutou a Palavra e a pôs em práctica. A sua bem-aventurança está precisamente neste segredo: Escutar a Palavra e ser coerente com ela. O Verbo encarnado no seio de Maria pressupõe uma fé de plenitude por parte da Virgem de Nazaré.

Esta passagem do evangelho põe em relevo o ideal de vida do cristão. O Papa Francisco tem-se esforçado em desafiar a Igreja para ser uma comunidade em saída, inquieta com as necessidades do mundo. O caminho é longo e cheio de perigos, mas a vontade de servir tudo vence e, por isso, não desiste. Maria sai apressada, o que deixa antever um entusiasmo, próprio de quem se entrega à sua missão, sem questionar. Porque leva Jesus consigo, a sua chegada gera paz e serenidade. Atravessou a montanha para chegar à residência de Isabel e comunicar Jesus mesmo ainda antes d’Ele nascer.

As situações distantes que imploram a acção missionária da Igreja estão por todo o lado. Os cristãos hão-de modelar a sua experiência de fé não só com belas palavras mas também com gestos concretos de amor ao próximo.

A visita de Maria a Isabel revela, assim, o modelo da experiência de fé que deve caracterizar os cristãos. Maria não vai ao encontro de Isabel só porque é muito boa pessoa mas, antes, vai para levar Jesus. Não é tanto a sua valentia pessoal que está em questão, quanto a missão de dar e entregar Jesus naquela situação concreta.

Pode acontecer que a nossa vontade de servir os outros, leve a uma certa exaltação do nosso eu e, nesse caso, em vez de dar gratuitamente, estamos a ostentar o nosso ego. Neste episódio do Evangelho, Maria testemunha o verdadeiro exercício da Caridade. Amar é ir ao encontro do outro para dar Jesus.

Neste Natal, saibamos imitar Maria no seu testemunho de fé. Os nossos gestos de servir o próximo e a nossa caridade actuada, deverão gerar Jesus no meio de nós. Numa palavra, a missão da Igreja e dos cristãos é a mesma de Maria. Hoje, há muitos lugares longínquos que necessitam de ser visitados. Como Maria, subamos a montanha, apressadamente, para que em muitos corações, Jesus possa renascer com os frutos do seu amor.


Neste Natal, cultivemos o amor misericordioso que nos faz ir ao encontro dos outros, como Maria. O mundo é o nosso presépio e o coração de cada homem, a manjedoura onde o Menino quer nascer. Como seremos bem-aventurados se ouvirmos a Palavra e a pusermos em práctica!

P. Mário
DOMINGO II        TEMPO DO ADVENTO          ANO C


No próximo Domingo, a Igreja celebra o segundo Domingo do Advento. O evangelho de Lucas faz o anúncio solene da profecia de João Baptista que vem pregar um baptismo de penitência para a remissão dos pecados. Impressiona o modo eloquente como é apresentada a missão de João, mas compreende-se, pois, o profeta vem anunciar o Messias esperado por Israel desde as profecias antigas.

João é uma das figuras centrais do tempo do Advento. Traz consigo o importante ministério de dar corpo à esperança do povo de Israel. O cativeiro e o desmoronamento das estruturas e instituições de Israel marcam o ritmo da sua história e são fonte de grandes angústias. A promessa da salvação e duma grande nação assinalam a Aliança de Deus com o seu povo. Mas a história parecia desdizer esta esperança. Ao tempo de João Baptista, o povo judeu estava sujeito ao poder imperial de Roma para grande descontentamento dos israelitas.

É neste contexto que se faz ouvir a voz do profeta. Não vem anunciar uma conquista nem uma nova dinastia real. Não vem prometer uma terra ou uma descendência. João anuncia o Reino de Deus e a vinda próxima do Messias.  Desfeitas todas as esperanças nos poderes humanos, na força dos exércitos ou na força dum rei excepcional, João exorta à mudança de vida como caminho dum reino novo, fundado no amor de Deus.

A sua voz clama no deserto. Reveste-se de grande simbolismo para o nosso tempo a missão de João Baptista. Hoje, tal como outrora, a voz de Deus faz-se ouvir pelo anúncio dos profetas do nosso tempo que, iluminados pelo Espírito Santo, apresentam caminhos de salvação para hoje. A salvação não é uma verdade garantida. Necessita do nosso acolhimento ao amor libertador de Deus. O homem pode rejeitar a salvação e pode hipotecar o gesto redentor que nos vem por Jesus Cristo. Quando recusamos a voz dos verdadeiros profetas, comprometemos a obra da salvação do nosso Deus.

Recordaremos todos a palavra de João Paulo II, quando por ocasião da primeira guerra do Golfo, alertava para a espiral da violência que tal conflito poderia desencadear. Violência atrai violência, profetizava o agora santo polaco. Era imperiosa a ousadia de quebrar o ciclo da violência como serviço à humanidade. A verdade é que, desde então, uma atitude de agressão tem tido uma resposta ainda mais violenta da outra parte. Volvidos todos estes anos, vamos assistindo à concretização das palavras do profeta e vemos como hoje a violência está a ganhar dimensões incontroladas.

Hoje, novos profetas vão falando em nome de Deus. O Papa Francisco alerta-nos para que o nosso Natal não seja uma hipocrisia. O sucessor de Pedro pede-nos um Natal verdadeiro. Para isso, é necessário cuidar dos caminhos do nosso coração para acolher o Messias que vem renovar a sua presença em mais um Natal. Há muitas fragas e penhascos de violência que é preciso abater e muitos vazios de solidão que é preciso preencher. Há caminhos tortuosos de egoísmo que é preciso endireitar e veredas escarpadas de orgulho que é preciso suavizar com o amor.

O Advento é um tempo oportuno para escutar a voz dos profetas que clamam no deserto. Não deixemos que seja vã a sua profecia. Se muitos acreditam na força das armas, acreditemos nós na força do Amor.

P. Mário

  

DOMINGO DE PENTECOSTES – TEMPO DA PÁSCOA

COMENTÁRIO |20150524



A Igreja celebra, este Domingo, a Solenidade do Pentecostes. Pentecostes significa 50 dias depois da Páscoa. Era uma tradicional festa dos judeus que também se chamava festa das tendas, pois, os muitos peregrinos que se aglomeravam em Jerusalém por esta ocasião, montavam tendas à volta da cidade para se alojarem, conferindo-lhe uma atmosfera toda singular. De algum modo, evocavam o tempo em que tinham sido nómadas e habitavam em tendas no deserto.

Por ocasião desta festa tradicional, a comunidade dos discípulos de Jesus vivia tempos de particular importância. As aparições de Jesus depois da Páscoa, os sinais que se iam revelando, o episódio de Tomé, a Ascensão de Jesus, tudo contribuiu para formar a consciência dos discípulos que estavam agora prontos para a missão. Mas, porque a missão dos discípulos não era uma estratégia meramente humana, precisavam do Espírito Santo para que as suas palavras e os seus actos continuassem a própria missão de Jesus.

No dia de Pentecostes, estando reunidos no Cenáculo, desceu sobre eles o Espírito Santo como Jesus tinha prometido. Este momento, em certa medida, pode ser considerado o momento fundacional da Igreja como comunidade que continua a missão de Jesus. Salientamos três aspectos fundamentais que dão sentido ao que os discípulos viveram nesse dia: O Espírito Santo, a Missão e a Misericórdia.

1. O Espírito Santo é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. O Espírito Santo é Deus que actua na história e na vida dos discípulos em ordem à edificação do Reino de Deus. Depois do tempo da experiência da morte do Mestre, do medo e da insegurança, da mentira e da indecisão, o Espírito inundou de luz os corações dos discípulos. O Espírito Santo é o sinal visível de que Deus continuava presente e actuante na vida dos apóstolos e, através deles, em toda a Igreja e na humanidade.

2. A Missão é a Igreja a ser fiel a Jesus. Os cristãos são enviados a testemunhar com palavras e acções a verdade do evangelho. Se os primeiros cristãos não fossem uma comunidade missionária e se, ao longo dos tempos, a Igreja não continuasse a ser fiel à missão, o evangelho não teria chegado a nós e ao mundo inteiro. Hoje acreditamos porque alguém nos anunciou Jesus e nós passámos a acreditar também.

3. A Misericórdia é o segredo e a alma da missão. É uma palavra rica de significado que exprime o quanto Deus nos ama e nos perdoa. Os discípulos são enviados não para expandir uma religião nova mas para espalhar, antes de mais, os sinais do amor de Deus que nos redime porque é rico em Misericórdia.

Estas três ideias fundamentais bem explícitas no evangelho de hoje deverão definir também o nosso modo de ser Igreja no nosso tempo. Hoje, a Igreja tem que ser uma comunidade aberta ao Espírito Santo para que o que anuncia e o que faz não seja só o fruto da nossa inteligência e das nossas capacidades mas, antes, seja a acção do Espírito de Deus em nós. Sem esta acção, a missão da Igreja é meramente humana e equipara-se a uma outra qualquer instituição humanitária. Com o Espírito Santo, a Igreja torna-se expressão do amor de Deus.

É precisamente esse rosto que o mundo quer ver nos discípulos de Jesus. Uma Igreja atrofiada nas malhas dos escândalos, bloqueada perante a gravidade dos problemas e angustiada perante as apreensões da hora presente, está longe de continuar a missão de Jesus e de ser fiel ao Espírito que renova todas as coisas.

Neste Pentecostes, tomemos consciência da nossa responsabilidade e tenhamos a ousadia de transformar o que precisa de ser renovado. Comecemos por nós.



DOMINGO DA ASCENÇÃO – TEMPO PASCAL – ANO B

COMENTÁRIO |20150517

A Igreja celebra no próximo Domingo a solenidade da Ascensão do Senhor ao Céu. Completados os tempos da encarnação do Verbo, consumada a obra da nossa redenção, o Filho eleva-se à glória do Pai. Elevando-se, Jesus une a terra e o céu revelando a nossa vocação: sermos convivas da glória de Deus.

O relato da Ascensão de Jesus é narrado pormenorizadamente nos Actos dos Apóstolos e a ele fazem referência todos os evangelistas, à excepção de João. É um episódio narrado quatro vezes, o que põe em evidência a importância que teve para a comunidade nascente. No próximo Domingo, lemos a passagem do evangelho de Marcos.

A Ascensão de Jesus aparece intimamente ligada à missão dos discípulos. Jesus sobe para o Pai e envia os discípulos anunciar ao mundo o Reino de Deus. A missão de Jesus não podia acabar. Serão os apóstolos os seus continuadores e, para isso, Jesus dá indicações concretas das quais importa tirar conclusões.

Jesus pede aos seus seguidores que a sua vida seja marcada por sinais que tornem visível a presença do seu Reino na história. Continuar a missão de Jesus implica, primeiro, testemunhar e, depois, anunciar. A coerência entre a palavra e as acções marcou a vida de Jesus, credibilizando a sua missão. Com a Igreja, não pode ser de outro modo. Os cristãos são chamados a experimentar os frutos da Palavra de Jesus para que toda a sua vida seja um anúncio de salvação.

Um dos maiores dramas da vida da Igreja é, precisamente, a incoerência que os cristãos manifestam entre a fé que afirmam ter e a sua vida. Os tempos que correm desafiam a Igreja à autenticidade de vida, ao compromisso sério da sua fé e aos sinais que testemunham o Reino de Jesus Cristo. Na experiência da fé, o testemunho tem que vir sempre antes das palavras, caso contrário, estas convertem-se sons vazios e sílabas ocas.

Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi, afirmava que o mundo de hoje segue mais depressa os testemunhos do que os mestres e só segue os mestres se eles forem testemunho.

Neste sentido, o Papa Francisco não se cansa de exortar a Igreja para que tenho um rosto de verdade. Diante do mundo, os cristãos terão de revelar o rosto misericordioso de Deus através dos gestos de bondade, de partilha, de sensibilidade ao outro. Uma comunidade uma religiosa mas pouco comprometida com os irmãos, corre o risco de se afastar dos propósitos de Jesus Cristo.

Jesus subiu ao Céu mas permanece no testemunho dos cristãos. Hoje toca-nos a nós percorrer as ruas das nossas aldeias e cidades a inundar de luz as penumbras dos desalentados; toca-nos a nós sujar os pés no pó dos caminhos a semear a palavra que vivifica e liberta. Uma Igreja instalada e sem sentido de missão torna-se numa caricatura do Reino de Cristo.

Por isso, o Papa Francisco insiste tanto a que a Igreja seja uma comunidade em saída, disposta a ir até às periferias existenciais e humanas da sociedade. Esta insistência do Papa é um eco das palavras de Jesus que, ao subir ao Céu, disse aos discípulos: «-Ide, e anunciai o evangelho».  


Jesus subiu mas permanece nos sinais da sua presença. Que em cada um de nós esses sinais possam brilhar cada vez com mais fulgor. 

Padre Mário Tavares de Oliveira

DOMINGO VI – TEMPO PASCAL – ANO B

COMENTÁRIO| 20150510


São João, no evangelho do próximo Domingo, reafirma a verdade maior da nossa fé: O amor. São incontáveis as páginas que o fazem mas se quisermos seleccionar uma que servisse de referência, esta poderia ser uma delas.

A fonte do amor é Deus. E é dessa fonte que a nossa vida é inundada ao ponto de sermos chamados seus amigos a quem Jesus dá a maior prova de amor que é morrer pelos seus. Consciente das nossas limitações, o Mestre da Galileia não deixa de nos advertir para um perigo constante: Não basta um entusiasmo passageiro, é preciso permanecer no amor. O fruto deste permanecer é a alegria plena. A isto Jesus nos convida e nos envia para o coração do mundo.

Estas palavras de Jesus são dissonantes face aos anúncios do mundo. Hoje o amor não tem fonte e se alguma coisa o caracteriza é o seu carácter volátil. Tem medida de cada um e está balizado pelos desejos e caprichos do próprio. As palavras de Jesus são tremendamente denunciadoras da cultura do egoísmo que nos assola. O amor interessa se me interessa. O desejo da fruição do momento e o imediatismo das vivências substitui a coragem de dar a vida pelo outro, de abraçar o seu drama, de fazer sua a dor e a ferida do outro.

O amor perdeu, em larga medida, a prioridade do outro e, por isso, não permanece. Não por acaso, João insiste tanto no tema de “permanecer”. Amar a Deus e amar o outro não pode ser um fogo de palha que depressa alcança um grande brilho mas que, de imediato, se desvanece. Permanecer é o segredo e só permanece quem ama na dimensão da cruz.

Hoje, a felicidade é o mito que todos querem alcançar mas é, ao mesmo tempo, a maior das desilusões. Os nossos tempos caracterizam-se pela depressão social e pela angústia existencial. Viver na vertigem do imediato, tirou-nos os horizontes da alma. Nunca se cultivou tanto a felicidade e nunca se edificou tanto a depressão!

E, no entanto, a felicidade é também o grande sonho de Deus. Diz Jesus no evangelho do próximo Domingo: “Disse-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa.” Deus anseia pela nossa felicidade. Viver na alegria deveria ser o sinal distintivo dos cristãos.

Neste aspecto, será necessário uma verdadeira conversão na nossa experiência de cristãos. Não deveria ser possível participar na Eucaristia e volta a casa com rosto desalentado; não deveria ser possível rezarmos juntos, como irmãos, e vivermos na mais perfeita indiferença; não deveria ser possível dizer que Jesus ressuscitou enquanto permanecemos desolados por não vislumbrarmos um sentido para a vida.

Viver a fé em Cristo é deixar que o seu amor nos inunde para aí permanecermos. Não como quem fica inerte, saboreando egoisticamente os frutos duma felicidade imaginada mas como quem se compromete com os outros por ter descoberto que amar é dar a vida.


Que as palavras de Jesus sobre o amor nos ajudem a redescobrir o segredo da verdadeira felicidade e da alegria completa. 

Padre Mário Tavares de Oliveira

DOMINGO IV – TEMPO PASCAL – ANO B

COMENTÁRIO |20150426


No próximo Domingo, a Igreja celebra o dia do Bom Pastor. O evangelho de João propõe-nos uma das passagens mais emblemáticas em torno da figura de Jesus. Para além das suas palavras e dos seus gestos, o evangelho de João ajuda-nos a descobrir o perfil do Mestre da Galileia.

Em pleno tempo pascal, Jesus revela o seu coração misericordioso e partilha os seus sentimentos com os discípulos: “-Eu sou o Bom Pastor! O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas.” Recorrendo a uma imagem da vida pastoril, Jesus dá-se a conhecer declarando que está pronto a dar a vida pelos seus. Noutra passagem dirá mesmo que ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos. 

No texto de João, Jesus estabelece o paralelo com mercenário. Para este, o salário é mais importante do que o rebanho, por isso, se vê o perigo e se os lobos assaltam o rebanho, ele foge em vez de proteger o rebanho. Jesus permanece e dá a vida pelos que lhe estão confiados. O amor de Jesus é gratuito e não olha a interesses. A sua morte na cruz é a prova que as suas palavras não eram vãs. Testemunha com o seu sangue o amor para com a humanidade.

A coerência entre as palavras de Jesus e as suas acções dão fecundidade à sua missão. Tocados pelo amor concreto do Mestre, os discípulos formam-se na escola deste amor e descobrem a alegria do “dar a vida” pela sua gente. Enviados para as suas comunidades, os pastores são a memória vida do Mestre da Galileia e têm como missão continuar o ministério de Jesus
.
O desafio é este: Ser pastor como Jesus o foi. Sendo Filho de Deus, o Messias foi, sobretudo, Aquele que serve e que ama. Hoje a Igreja precisa de pastores com este perfil. Homens de Deus que não se deixam acorrentar nas malhas dos poderes mas que manifestam disponibilidade para ir a encontro das dores e das angústias do nosso tempo; que abraçam com alegria o dom do serviço aos irmãos; que se definem mais como os que amam incondicionalmente do que os que mandam com intransigência.

O Papa Francisco veio trazer à Igreja um rosto de pastor que poderá servir de inspiração a todos os que ocupam cargos de relevância na Igreja. O desprendimento, o acolhimento e a sabedoria dos gestos espontâneos deveriam ser sinais visíveis de quem tem a difícil missão de conduzir a Igreja e as comunidades. Diante dum pastor que é manso e humilde de coração, as ovelhas aproximam-se e reúnem-se à sua volta.

No dia do Bom Pastor, muitas comunidades manifestam gestos de carinho para com os seus pastores. Esta tradição exprime o carinho que as comunidades nutrem pelos seus padres. Um ramo de flores, umas palavras de gratidão, uma refeição partilhada ajudam a criar laços e afectos, sempre tão importantes na edificação da comunidade cristã.

O pior que poderia acontecer às comunidades é que em vez de pastores prontos a dar a vida tivessem gestores competentíssimos e administradores irrepreensíveis. Certamente o rigor e a exigência de bem governar hão-de caracterizar quem tem essa missão. Todavia, o grande sinal que Jesus pede aos seus pastores é a sua capacidade de amar e de dar a vida.

Neste Domingo do Bom Pastor e de Oração pelas Vocações, rezemos para que a Igreja, fiel à Palavra de Jesus, possa ser conduzida pelo ministério do amor e que a misericórdia seja a veste de quem a governa.

Padre Mário Tavares de Oliveira