Eis-me aqui

Com a minha veste de profeta
Me aproximo de Ti, Senhor!
Com rosto abatido e por terra
Sem sandálias nos meus pés fatigados
Confiante e com temor
Me aproximo de Ti, mais uma vez, meu Senhor!
“Dá de comer a essa gente!”
Dizes-me com Tua voz de oiro
E de murmúrio de cristais ao cair da tarde;
Percebo no Teu olhar misericórdia e compaixão
Mas eu, Senhor, tremo de inquietação
Perante as tuas palavras que revelam
A minha incapacidade e a minha pobreza.
Como dar pão a tanta gente se o não tenho?
Como saciar a multidão
Se sou eu o caminhante faminto
Que Te imploro um pouco do teu pão
Quando as forças já definham ao cair da jornada?
Ergo os meus olhos cavados e cintilantes
Invoco o Teu Espírito para que me ilumine e esclareça
E redescobrindo o meu olhar de criança
Eis que a Luz me revela e segreda :
- O que te falta é confiança!
Eis-me aqui, Senhor, respondo!
Para repartir o Teu pão na minha pobreza
E saciar de amor todos os que caminham na noite
E Te querem abraçar na confiança da sua incerteza!


P. Mário Tavares
oração para o XVII Domingo do Tempo Comum, ano B