Como bálsamo

A notícia chegou como bálsamo
Para o meu ser atormentado e inquieto:
- Eis que vem o Mestre da Galileia
A semear a misericórdia e a redenção
Entre os pobres famintos de justiça e perdão!
Acorri , pressuroso, com o coração em festa
Minha fé me confidenciava
Que bastava tocar-lhe no manto
Para me curar de todo o mal e pecado.

A multidão apertava de todos os lados
Mas persisti na intenção de alcançar o meu Senhor
E num esforço derradeiro, consegui o meu intento
Com a minha alma a transbordar.
Naquele instante, num encanto de amor
Todo o meu ser se inundou de nova vida
Com o Espírito a suavizar minha dor.

- Quem me tocou? Perguntou o Mestre;
- Fui eu Senhor! E deixa-me tocar-Te sempre
Nas minhas angústias e tardes outonais.
Deixa-me tocar-Te para que me cures
As minhas feridas e o desalento dos demais;
Deixa-me tocar-Te, indiferente aos risos de desdém
Da multidão indiferente;
Eu sou teu, Senhor, sou da Tua gente
Quero tocar-Te no manto e seguir mais além!


P. Mário Tavares
oração para o XIII Domingo do Tempo Comum, ano B

Porque pareces dormir

Minhas vagas altivas
Lançam-me com violência no abismo
Perdido na fúria das marés vivas
Prendo as amarras do meu egoísmo;
Quem vem abater tamanha altivez
Que me recupere das velhas paixões
Onde o amor vive agrilhoado
Nas masmorras das minhas prisões?

Porque pareces dormir
Quando minha angústia mais se encapela?
Faz-me, Senhor, redescobrir
As cores quentes e suavizantes
Da minha esbatida aguarela;
Acalma a tempestade dos sentidos
Dá-me o pão da serenidade
Liberta meus frémitos e meus gemidos.

Só com a Tua graça e protecção
Saberei vencer a tentadora natura;
Rasga meu titubeante coração
Molda, com Teu Espírito, meu barro inerte
Faz-me nova criatura.

Para que na noite encontre a estrela polar
Dá-me, de novo, o sorriso de criança
Para que enfrente, destemido, o alto mar
E possa ver surgir, esplendorosa, a Tua bonança.

P. Mário Tavares
oração para o XII Domingo do Tempo Comum, ano B

Arranca-me, Senhor

- Arranca-me, Senhor
Qual ramo rebelde de um cedro ideal;
Arranca-me e leva-me nos teus braços
Para um monte ainda mais alto
Que só o Teu amor eterno é capaz de edificar;

Na voragem do tempo vou declinando
E consentindo na mediania hipócrita:
Ramo agitado pelo vento
Imploro a força da tua mão
Que retempere a minha hesitação
E me revigore no meu lamento.
- Planta-me, Senhor, gera-me de novo
Meu barro anseia pelo Teu sopro vital;
Ressequido na aridez do deserto
Busco a água viva da fonte eternal
Onde o amor renasce
E a esperança reverdece.

Quero ser árvore nova
No eterno monte sagrado
Da tua plantação de Luz!
Só em teus braços me sinto amado
Só no Teu monte descubro o caminho
Que à Tua fonte me conduz!


P. Mário Tavares
oração para o XI Domingo do Tempo Comum, ano B

Eu Te louvo

Eu Te louvo, meu Deus
Porque na criatividade do Teu amor
Me revelas o Teu ser
E, assim, dás alento ao nosso existir.

Porque insisto em olhar-Te lá nas alturas
Se Te manifestas no meio de nós
Como Pai que acolhe e abraça
E irmão que dá a vida até ao sangue?
Que teimosia insana
Me faz imaginar-te lá tão longe
Se a luz do Espírito que nos irmana
Já a derramaste em nossos corações?

De mil cores Te revelas em nossas vidas
Para que o Paraíso inunde a humanidade
No dom de três Pessoas distintas
No mistério da mesma Trindade.
E já a humanidade se eleva agradecida
Peregrina do olhar do Pai Criador
No sangue do Filho rejuvenescida
Iluminada no Espírito do Amor.
Eu Te louvo, Senhor, eternamente!
Ergo sem cessar o meu canto
Eu Te dou graças por todo o sempre
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.


P. Mário Tavares
oração para o Domingo depois de Pentecostes, Solenidade da SS.ma Trindade, ano B