Porque pareces dormir

Minhas vagas altivas
Lançam-me com violência no abismo
Perdido na fúria das marés vivas
Prendo as amarras do meu egoísmo;
Quem vem abater tamanha altivez
Que me recupere das velhas paixões
Onde o amor vive agrilhoado
Nas masmorras das minhas prisões?

Porque pareces dormir
Quando minha angústia mais se encapela?
Faz-me, Senhor, redescobrir
As cores quentes e suavizantes
Da minha esbatida aguarela;
Acalma a tempestade dos sentidos
Dá-me o pão da serenidade
Liberta meus frémitos e meus gemidos.

Só com a Tua graça e protecção
Saberei vencer a tentadora natura;
Rasga meu titubeante coração
Molda, com Teu Espírito, meu barro inerte
Faz-me nova criatura.

Para que na noite encontre a estrela polar
Dá-me, de novo, o sorriso de criança
Para que enfrente, destemido, o alto mar
E possa ver surgir, esplendorosa, a Tua bonança.

P. Mário Tavares
oração para o XII Domingo do Tempo Comum, ano B

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