Cintila no olhar

Cintila no olhar o entusiasmo
De regressar à terra prometida;
Exaltam-se os sentidos e há consolações
Onde havia lágrimas angustiadas
E as vozes embargadas por fartas emoções
Cantam loas ao infinito
Invocando, agradecidas, o nome do seu Senhor.
Revela-se o rosto do Pai
Com a ternura de quem ama
Abre caminhos planos para que não tropecem
Os atribulados agora redimidos
A caminho da eterna Jerusalém.

Quero, Senhor, unir a minha voz
Ao coro dos resgatados pelo Teu amor;
Ilumina com a luz eternal
Meu cativeiro que implora um profeta;
Minha alma ressequida anseia a torrente da água viva
Que só o Teu desvelo me pode indicar.
E na assembleia congregada pelo sopro do Teu Espírito
Serei um filho agradecido na nova Jerusalém
A reedificar o templo onde a Tua Glória resplandece
E a Esperança, em cada dia, só rejuvenesce.


P. Mário Tavares
oração para o XXX Domingo do Tempo Comum, ano B

Mas Tu vens Senhor

Elevam-se altivos os poderosos
Revestem-se de suas pompas e honrarias
E batem-lhes palmas as turbas, iludidas
Com tantos sonhos vãos e hipocrisias!

Mas Tu vens Senhor
Iluminar nossos escolhos e miopias
Revelando uma felicidade que não engana
Porque é eterna e infinita;
Vens dizer que servir é o caminho
Para quem quer chegar à verdadeira sabedoria.
E escandalizas os fortes
Ávidos da ganância que corrói;
E desdenham os poderosos
Sem se darem conta que o seu poder os destrói;
Dá-me de beber o cálice do Teu Sangue
Que derramaste por mim para que também o derrame;
Mergulha-me no Baptismo da Tua luz
Para que o olhar do Pai nos abrace e nos irmane:
É em Ti que ponho a minha confiança
E me deixo envolver com a suavidade das Tuas palavras:
Afagos dum Deus compadecido
Que nos dá um Filho por amor
E o povo no Seu sangue renascido
Serve a humanidade, louva o seu Senhor!


P. Mário Tavares
oração para o XXIX Domingo do Tempo Comum, ano B

Quero mais

Quero mais, Senhor
Mas não sei qual o caminho a trilhar
Nem tenho a coragem de arriscar
Atolado como estou nas mil coisas que tenho
E das quais não me liberto;
Quero mais porque estou cansado de não lutar
Reduzindo os desafios a quimeras
Que me vão dilacerando a alma em cada sol-posto
Que semeia solidão e medo porque anoitece;
Mas quero mais e, por isso, procuro o Teu rosto
Para reencontrar o despertar dos sonhos
Que dentro de mim repousam inertes.

Imploro, Senhor, o espírito de Sabedoria
Que ilumine todo o meu ser
Para que ame mais a Tua paz
Do que toda a prata e todo o oiro.
Quero o cintilar imorredoiro
Que me faça cantar hinos de louvor por toda a eternidade.
Hei-de vencer todas as barreiras
Escalar todos os montes
Por mais íngremes que sejam seus cumeais.
Quero seguir-Te até ao fim
Irei para onde quer que vás!
Não me deixes ficar paralisado
Cabisbaixo e a olhar para trás.


P. Mário Tavares
oração para o XXVIII Domingo do Tempo Comum, ano B