Oiço Tua voz

Por entre a agitação, oiço Tua voz, Senhor!
Vens sentado numa nuvem
Peregrinando desde o santuário eterno
Até ao coração do homem, sedento do Teu amor.
À Tua chegada, de novo, o tronco de Jessé floresce
Inundando a terra de excelsa claridade;
O sol e a lua vestem-se de festa à Tua passagem
O mar solta rugidos que ecoam no silêncio dos tempos.

E o meu coração agita-se com a Tua chegada
Sempre nova e já tão consumada
Em antigas profecias e novos eventos!
Confirma o meu coração agitado no amor que renovas
E fazes germinar em cada solstício da luz;
Lentamente rompes as trevas e a solidão
Despertam os corações adormecidos
Refazem-se os laços da nossa comunhão.

Erguidos e de cabeça levantada
De olhos fitos em teu resplendor
Somos gente Tua, Senhor!
Como mendigos, abrimos a porta para que entres.
Vou vigiar como sentinela na noite
E orar para que não passes em vão;
Quero que entres em minha casa
E destruas o meu tormento;
Abre-se uma estrada no deserto:
És Tu que vens cumprir as promessas
Escuto já a Tua voz, é o Teu Advento!


P. Mário Tavares
oração para o Domingo I do Advento, ano C

Um clamor

Um clamor de infinito inunda o meu ser
Desenhando as fronteiras de um Reino eterno
Que tem como alicerces a Verdade e a Justiça
E onde o Amor é lei e governa num trono de Luz.

É um clamor que me segreda profecias
E realiza os sinais do tempo novo que povoa os meus sonhos;
Abraço as estrelas que me abraçam
Enquanto mostram o caminho que a minha súplica implora
E nas visões da noite a minha alma chora
Ao contemplar a serenidade do Teu rosto.
- És Tu, Senhor, que eu busco sem cessar!
São a tuas águas que eu procuro no meu deserto;
Sou mendigo do teu amor e do Teu sorriso
Sou cidadão do Teu Reino que sinto tão perto!

Desvanece-se o sonho, revela-se a profecia
E permaneces Tu, Senhor, Palavra eterna
Que edifica a civilização do Amor!
Na transparência do Teu olhar e com Tua voz terna
Me sussurras por entre a multidão:
“- O meu trono é o Teu coração”!

P. Mário Tavares

oração para a Solenidade de Cristo Rei, ano B

Mas eu

O Profeta visitou a cidade!
Vinha exausto da caminhada
Faminto de generosidades incontidas
E sedento da água cristalina do amor.
Olhou-me nos olhos e cruzou-se de relance
Com a minha ânsia de infinito
E com a minha pobreza humana.
De olhar penetrante implorou-me água e pão
Com que pudesse matar a fome e a sede.

Mas eu, Senhor, não sou eu o faminto
Que em cada dia implora o pão da tua graça?
Não sou eu o sedento que espera inquieto
A frescura das nascentes das tuas águas?
Como poderei saciar o profeta de Deus
Quando vem de tão longe a minha fome de infinito
E a minha sede de misericórdia e de paz?

Um sussurro da Tua brisa inundou-me
Diante do olhar do profeta que suplicava
Segredando-me à alma a sabedoria dos justos:
“-E dando que se recebe!”
Prontamente respondi: “-Eis-me aqui, Senhor!”
Sobre o nada que sou e Te entrego
Derrama a Tua Graça que redime todo o meu ser.

P. Mário Tavares

oração para o XXXII Domingo do Tempo Comum, ano B