DOMINGO DA ASCENÇÃO – TEMPO PASCAL – ANO B

COMENTÁRIO |20150517

A Igreja celebra no próximo Domingo a solenidade da Ascensão do Senhor ao Céu. Completados os tempos da encarnação do Verbo, consumada a obra da nossa redenção, o Filho eleva-se à glória do Pai. Elevando-se, Jesus une a terra e o céu revelando a nossa vocação: sermos convivas da glória de Deus.

O relato da Ascensão de Jesus é narrado pormenorizadamente nos Actos dos Apóstolos e a ele fazem referência todos os evangelistas, à excepção de João. É um episódio narrado quatro vezes, o que põe em evidência a importância que teve para a comunidade nascente. No próximo Domingo, lemos a passagem do evangelho de Marcos.

A Ascensão de Jesus aparece intimamente ligada à missão dos discípulos. Jesus sobe para o Pai e envia os discípulos anunciar ao mundo o Reino de Deus. A missão de Jesus não podia acabar. Serão os apóstolos os seus continuadores e, para isso, Jesus dá indicações concretas das quais importa tirar conclusões.

Jesus pede aos seus seguidores que a sua vida seja marcada por sinais que tornem visível a presença do seu Reino na história. Continuar a missão de Jesus implica, primeiro, testemunhar e, depois, anunciar. A coerência entre a palavra e as acções marcou a vida de Jesus, credibilizando a sua missão. Com a Igreja, não pode ser de outro modo. Os cristãos são chamados a experimentar os frutos da Palavra de Jesus para que toda a sua vida seja um anúncio de salvação.

Um dos maiores dramas da vida da Igreja é, precisamente, a incoerência que os cristãos manifestam entre a fé que afirmam ter e a sua vida. Os tempos que correm desafiam a Igreja à autenticidade de vida, ao compromisso sério da sua fé e aos sinais que testemunham o Reino de Jesus Cristo. Na experiência da fé, o testemunho tem que vir sempre antes das palavras, caso contrário, estas convertem-se sons vazios e sílabas ocas.

Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi, afirmava que o mundo de hoje segue mais depressa os testemunhos do que os mestres e só segue os mestres se eles forem testemunho.

Neste sentido, o Papa Francisco não se cansa de exortar a Igreja para que tenho um rosto de verdade. Diante do mundo, os cristãos terão de revelar o rosto misericordioso de Deus através dos gestos de bondade, de partilha, de sensibilidade ao outro. Uma comunidade uma religiosa mas pouco comprometida com os irmãos, corre o risco de se afastar dos propósitos de Jesus Cristo.

Jesus subiu ao Céu mas permanece no testemunho dos cristãos. Hoje toca-nos a nós percorrer as ruas das nossas aldeias e cidades a inundar de luz as penumbras dos desalentados; toca-nos a nós sujar os pés no pó dos caminhos a semear a palavra que vivifica e liberta. Uma Igreja instalada e sem sentido de missão torna-se numa caricatura do Reino de Cristo.

Por isso, o Papa Francisco insiste tanto a que a Igreja seja uma comunidade em saída, disposta a ir até às periferias existenciais e humanas da sociedade. Esta insistência do Papa é um eco das palavras de Jesus que, ao subir ao Céu, disse aos discípulos: «-Ide, e anunciai o evangelho».  


Jesus subiu mas permanece nos sinais da sua presença. Que em cada um de nós esses sinais possam brilhar cada vez com mais fulgor. 

Padre Mário Tavares de Oliveira

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