No evangelho do sexto Domingo do
Tempo Comum, continuamos a ler o discurso programático de Jesus no início da
sua missão. As multidões acorriam a ouvir os seus ensinamentos e a observar os
seus milagres. Jesus parece não se iludir com as multidões e, com este discurso,
quer deixar bem clara a personalidade do discípulo.
Jesus não esconde as exigências
do Reino. Com uma linguagem clara e firme, vai desenhando o perfil do
discípulo. Não basta mostrar entusiasmo com o que se ouve da boca do Mestre. A
sua vida há-de corresponder aos novos critérios que Jesus anuncia.
Nesta passagem do evangelho de
Mateus, Jesus começa por afirmar que não veio revogar a Lei ou os profetas,
antes, veio completar a Lei. Jesus vem na sequência dum longo caminho de
salvação iniciado pelos Patriarcas e que agora encontra o seu tempo de
plenitude. Jesus vem na continuidade dos grandes gestos do Antigo Testamento
aos quais é fiel. No entanto, vem pronunciar uma palavra nova, inesperada, com
a qual se realizam os sinais definitivos do Reino do amor e da paz.
Neste sentido, Jesus apresenta-se
como quem tem autoridade. Aos discípulos, exige que a sua justiça seja maior do
que a dos fariseus e dos escribas que exigiam aos outros fardos pesados, mas o
seu coração era perverso. Os escribas e os fariseus conheciam bem a Lei,
ensinavam-na e exigiam o seu cumprimento. Aos seus discípulos, Jesus espera que
vivam o mistério do seu amor sempre presente no seu anúncio.
Ao mesmo tempo, Jesus assume uma
autoridade inaudita: “ouvistes o que foi dito aos antigos...porém eu digo-vos”.
Esta descontinuidade face ao Antigo Testamento, reafirma a novidade da Pessoa
de Jesus e as palavras novas que profere. Jesus tem uma Palavra nova a dizer que
deverá ser posta em práctica por aqueles que o querem seguir. Essa Palavra é
libertadora, não opressora; é fraterna, não individualista; deixa-se conduzir
pela via do amor e não do egoísmo.
A coerência de vida é um critério
sobre o qual Jesus insiste e que não passa despercebido nesta catequese de
Jesus. Os que O seguem terão de ser homens de palavra, a sua linguagem deverá
ser Sim, Sim e Não, Não.
Poderemos ficar com a sensação de
que ser discípulo de Jesus Cristo é uma tarefa árdua e que não está ao alcance
de todos. Nada de mais enganador. Quem segue os caminhos de Cristo e pauta a sua
vida pelos caminhos da verdade, encontra a luz e o sentido da sua vida. Em
contrapartida, quem segue o seu comodismo e só dá espaço ao seu individualismo,
não serve para ser discípulo do Mestre d Galileia.
O Senhor nos dê a graça de
descobrirmos a beleza da proposta que nos faz no seu evangelho. As exigências
da fé conduzem à plenitude e à salvação.
P. Mário
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