DOMINGO DE RAMOS TEMPO DA QUARESMA ANO C



O próximo Domingo abre as portas à Semana Santa e aos mistérios maiores da nossa fé. É o Domingo de Ramos ou Domingo da Paixão. Nele celebramos a entrada festiva de Jesus em Jerusalém e o evangelho é a leitura longa da Paixão.

Apesar de longa, o nosso olhar fica preso ao texto como se o ouvíssemos pela primeira vez e nele descobrimos sempre coisas novas que se revelam porque precisamos dos seus ensinamentos para o que estamos a viver no momento presente.

Este ano, lemos o texto da Paixão de São Lucas. Lucas é conhecido como o evangelista da Misericórdia e pode ajudar-nos muito a edificar as obras que devem manifestar-se em nós neste ano santo da Misericórdia.

A bondade de Jesus brilha com um tom singular no seu relato da Paixão. Os gestos de Jesus para com Pedro, para com os discípulos preocupados em saber quem seria o maior, para com as mulheres de Jerusalém, para com o ladrão arrependido. Em todas as situações, a Misericórdia é um manto de amor que a todos envolve e protege.

Jesus é apresentado como aquele que combate as trevas e o mal não com as forças exteriores, mas com a bondade do seu coração. O centurião romano, ao ver o comportamento de Jesus no longo processo da sua Paixão, não hesitou em reconhecer que Jesus era, de facto, Filho de Deus.

A escuta continuada da Paixão deve levar-nos a uma atitude de acolhimento da Palavra que nos revela uma sublime história de amor. As rotinas e as turbulências diárias tiram-nos, muitas vezes, a atenção devida à Palavra do evangelho. Neste Domingo, a leitura continuada da Paixão é uma oportunidade para deixar ecoar a narrativa d’Aquele que não se valeu da sua igualdade com Deus e deu a vida por nós.

Perante um tão intenso relato, havemos de ter a coragem de formular a pergunta, no mais íntimo de nós mesmo: - Estarei pronto a dar a vida pelos outros? Esta é a maior prova que Jesus nos deixa e para a qual nos desafia. Ter fé consiste em amar concretamente, como se de uma arte se tratasse e em que cada um de nós é chamado a ser um artista que modela o infinito.

Que a leitura da Paixão, neste Domingo, nos ajude a compreender melhor o dom que Jesus continua a oferecer-nos, em cada ano, por ocasião da sua Páscoa. Foi a Páscoa que fez nascer a comunidade das origens. Saibamos renascer, mais uma vez, pois é dando que se recebe e é morrendo que se vive para a vida eterna.    

P. Mário




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