DOMINGO II TEMPO DA QUARESMA ANO C




O evangelho do segundo Domingo da Quaresma oferece-nos um episódio de grande significado para este tempo litúrgico: A Transfiguração. Jesus sobe ao monte Tabor com Pedro, Tiago e João e transfigura-se diante deles.

Na passagem imediatamente antes do evangelho de Lucas, Jesus tinha anunciado a sua Paixão. Este anúncio terá deixado os discípulos abismados, ao ponto de Jesus lhes dizer que se algum deles se envergonhar das suas palavras, também Ele, quando vier na sua Glória, se envergonhará deles. Seguidamente, anuncia que alguns discípulos não morreriam sem antes verem a manifestação do Reino de Deus. Oito dias depois deste anúncio, Jesus subiu ao monte Tabor e transfigurou-se.

Depois do choque do anúncio da sua morte e ressurreição, Jesus quis revelar a sua Glória aos discípulos mais próximos. No cimo do Tabor, Pedro, Tiago e João saborearam a Glória de Deus que se revelou como nunca poderiam pensar. Uma alegria infinita os inundou e desejaram que aquele momento nunca mais acabasse. Queriam permanecer para sempre no cimo do Tabor, mas à sua frente abria-se um caminho novo e uma missão cada vez mais clara: a de anunciar esta Glória que eles tinham experimentado.

Este texto reveste-se de aspectos importantes para a nossa vivência como cristãos. Antes de mais, a proposta de Jesus é que a História é um caminho para a Glória. Certamente já todos nós experimentámos momentos de comunhão com Deus onde sentimos que a nossa vida só tem sentido como um caminho para Ele. No entanto, grande parte da nossa vida é marcada por momentos de insegurança e até de desânimos onde a fé parece vacilar. Nesses momentos, é muito importante a memória da alegria que já experimentámos com Deus. Ter um dia descoberto que Deus me ama, faz-me viver cada momento de provação, na certeza que Deus não me abandona e que só Ele é a meta da minha vida.

Neste tempo de quaresma, somos convidados a subir ao monte Tabor. O monte Tabor é um monte altíssimo, muito difícil de subir. Não foi fácil para os discípulos a escalada do monte. Por vezes, a tibieza e o comodismo impedem que subamos à montanha do Senhor, onde Deus se revela na plenitude do seu amor. A experiência da fé exige esforço, vontade de subir, desejo de saborear a sua presença.

O mundo de hoje vai-nos roubando o desejo de saborear as coisas de Deus. Facilmente encontramos motivos para não participar na Eucaristia do Domingo ou nas actividades da comunidade. Rodeados de tantos barulhos, vamos perdendo o gosto por escutar as Palavras de Jesus ou de sentir a sua presença quando nos reunimos em comunidade. Há que reencontrar espaços de comunhão com Deus, momentos de intimidade espiritual para sentirmos, como os discípulos, que é bom estar com o Senhor.

A experiência da fé deve ter momentos assim, de grande alegria espiritual em que sentimos que Deus está mesmo presente na nossa vida. Esses momentos de intimidade com Deus são uma memória viva que nos fazem ser fiéis nos momentos difíceis.

Jesus quer-nos manifestar a sua Glória: Tenhamos a coragem de subir ao monte.


P. Mário


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