No próximo Domingo, a Igreja celebra
a festa do Baptismo do Senhor. Esta festa litúrgica encerra o Tempo do Natal
que começou com o nascimento do Menino Deus na noite santa e nos leva até ao
início da vida pública de Jesus.
Antes do seu Baptismo, não temos
muitas informações sobre Jesus. Após os relatos da Infância que Lucas
desenvolve mais que os outros evangelistas, os textos não referem qual o
percurso de Jesus, com quem esteve ou por onde andou. Depois do episódio da
perda e reencontro com os doutores da Lei, o evangelho de Lucas apresenta-nos,
de imediato, a missão de João Baptista que, no deserto, anuncia a vinda
eminente do Reino de Deus. Jesus
aproxima-se da missão de João Baptista, ouve a sua pregação e apresenta-se para
ser baptizado por Ele. Estando recolhido em oração, depois de ser baptizado, o
céu abriu-se, o Espírito Santo desceu sobre Ele e a voz do Pai apresentou-O
como Filho Amado. É o início da
vida pública de Jesus.
Desta passagem do evangelho de Lucas
podemos tirar alguns ensinamentos para a nossa vida. Antes de mais, o povo
estava na expectativa e ansiava a vinda do Messias. Eram tempos únicos e todos
os sinais se orientavam ao encontro desta vinda. Havia uma sensibilidade
espiritual intensa e uma grande fome de Deus que foi determinante para a
leitura dos sinais da chegada do Reino de Deus.
Uma das maiores debilidades do nosso
tempo é a indiferença espiritual. A mentalidade contemporânea não se
sensibiliza para as coisas espirituais ou para os dons de Deus. Uma sociedade
que não está na expectativa do encontro com Deus, dificilmente O poderá
encontrar.
Além disso, revestem-se de grande
actualidade as palavras de João ao estabelecer a diferença entre o Baptismo com
que ele baptizava e o Baptismo que o Messias viria trazer. O de João era um
Baptismo de água, ao passo que o Baptismo de Jesus seria um Baptismo no fogo do
Espírito Santo.
Hoje, muitos dizem-se cristãos só porque
um dia foram baptizados mas falta-lhes o compromisso da fé e o entusiasmo do
Espírito. É como se tivessem sido baptizados só na água e não no Espírito
Santo. Ao ser baptizado, Jesus recolheu-se em oração e os céus rasgaram-se. É
importante que os cristãos, baptizados, descubram a intimidade com Deus na
oração para poderem saborear os dons do alto: O Espírito que renova todas as
coisas e a Voz do Pai que nos dá o Filho por amor.
Quem é baptizado, é chamado a fazer
esta experiência também para que a sua vida se ilumine e, assim, testemunhe os
dons de Deus no mundo. Será o testemunho dos cristãos que poderá fazer com que
a insensibilidade religiosa do nosso tempo se transforme em sede de Deus e fome
de Amor.
No fundo, um ateu não é mais do que
alguém à espera que lhe testemunhem o Amor de Deus. A alegria dos cristãos que
vivem o evangelho deve-se anteceder aos princípios do dogma ou da doutrina. Só
assim, o evangelho de Jesus poderá ser uma boa notícia para as mulheres e para
os homens do nosso tempo.
P. Mário
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