A URGÊNCIA DA ESPERANÇA



O começo do novo ano, parece não ter feito abrandar a onda de horrores que tem marcado a nossa história recente quer a nível nacional quer internacional. Sucedem-se as notícias uma mais brutal que a outra: Uma mãe que envenena um filho, um adolescente enterrado no jardim duma instituição, vítima de violência; continuam a morrer refugiados no Mediterrâneo, entre os quais muitas crianças. O bispo de Toledo denuncia que muitas mulheres são assassinadas por que pedem o divórcio e as vítimas dos crimes de abuso sexual não param de aumentar.

A nível económico e social também tudo parece estar a complicar-se com bancos a falir e diagnósticos para o novo ano muito reservados para alguns analistas e muito pessimistas para outros. Sucedem-se as denúncias de corrupção e os abismos entre pobres e ricos não param de aumentar.

No meio de todos estes cenários, o anúncio da esperança parece despropositado e anacrónico. Cada início de ano traz consigo a velha máxima: “Ano Novo, Vida Nova”, porém, esta profecia parece cada vez mais desgastada e votada ao descrédito. No entanto, o anúncio inicial da fé em Jesus Cristo é precisamente a Luz que começou a brilhar nas trevas.

O que de pior poderia acontecer na nossa convivência histórica seria o baixar dos braços face à nossa missão de sermos portadores da paz e da esperança. Hoje, o cristão tem que ser um dissidente não só em relação à corrupção ou ao consumismo, à violência ou ao hedonismo. Hoje, um dos campos em que o cristão tem que enfrentar com mais decisão é o pessimismo angustiado da nossa geração.

Não se trata de fechar os olhos à realidade e, muito menos, viver alienados em relação aos reais problemas que afligem a nossa sociedade. Pelo contrário, a fé em Jesus Cristo implica a encarnação nos desígnios da história. Todavia, a fé dos cristãos implica um compromisso com a esperança que deve ressoar como um imperativo.

Não basta dizer que tudo está mal e já nada tem solução. Urge ser protagonista da mudança e profeta da esperança no coração da história. Um dos males do nosso tempo, já o denunciava Teilhard de Chardin é a fuga à realidade em vez da coragem de abraçar os desafios da mudança.


Aos cristãos pede-se esta coragem e esta missão. A paixão em seguir a Cristo implica a paixão pelo homem e pela transformação da história.

P. Mário

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