Caminho

É duro o meu cativeiro, Senhor,
Neste tugúrio de trevas e desolação;
Parti para longe de Ti e cavei a minha perdição
Numa terra de degredo e horror.
Mas Tu enviastes-me mensageiros de luz
E mais uma vez renovaste a aliança
Com que me amaste desde o berço;
Eu sei que não mereço, mas obrigado, Senhor!

Caminho errante pelo deserto da vida
Pactuando com a toca da víbora
Do orgulho e da minha vaidade;
Intoxicado e feito prisioneiro
Nas prisões que eu mesmo ergui
Sinto-me desfalecer e a sucumbir
Nas teias do meu pecado insistente.
Mas… eis que ergues, no deserto, uma serpente
E que, só de olhar, me cura e redime
Destruindo o cativeiro que me sufoca
E, nas minhas noites de insónia, me tortura e oprime.


Contemplo com os olhos da alma
Tão grande mistério que me vence e seduz
E me segreda serenamente
Que me amas como sou.

Quero que sejas meu baluarte seguro
Onde estarei defendido e vigilante
Não como fugitivo ou apavorado
Mas como vencedor de olhar cintilante.
Abraço a luz do Pai que, de tanto me amar,
Me dá o Seu Filho
Para o meu caminhar de errante.

Obrigado, Senhor
Porque me surpreendes tanto
E me fazes passar do cativeiro que me oprime
À Jerusalém prometida
Onde regresso armado cavaleiro
Com a espada do teu amor
E com o elmo do teu perdão.


P. Mário Tavares
oração para o IV Domingo da Quaresma, ano B

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