O
evangelho do próximo Domingo narra o encontro de Jesus com a samaritana. Jesus
vai a caminho de Jerusalém para celebrar a Páscoa com os discípulos. Ao passar
pela Samaria, junto ao poço de Jacob, encontrou uma mulher a tirar água e
pediu-lhe água para matar a sua sede. O diálogo que a partir daí se desenrolou
é um dos factos mais marcantes da vida pública de Jesus.
Este
episódio é descrito longamente, com muitos pormenores, mais do que na maioria
dos relatos sobre a vida de Jesus. Vê-se que Mateus tratou deste episódio com
particular cuidado e intenção. Muitos são os ensinamentos que podemos colher
deste texto para a nossa caminhada quaresmal.
Antes
de mais, Mateus faz-nos ver o caminho de conversão que a samaritana percorre
desde a agressividade inicial com que responde a Jesus até ao gesto final de ir
anunciar aos habitantes da sua cidade que tinha encontrado o Messias. Como um
verdadeiro pedagogo, Jesus vai encaminhando o diálogo de forma a revelar àquela
mulher a esperança que não ilude e os dias da salvação que estavam a chegar.
O
caminho que a samaritana percorre ao longo do diálogo com Jesus pode ser um
modelo para o nosso itinerário quaresmal. Antes de mais, há que salientar que
aquela mulher teve a ousadia de se deixar conduzir por Jesus. Foi levando a
sério tudo o que Jesus lhe ia dizendo e, ao mesmo tempo, ia-se abrindo à
Verdade que o Mestre da Galileia lhe ia revelando. Abdicou das suas ideias
iniciais para acolher o anúncio do evangelho. Entretanto, Jesus não se
escandalizou com a sua história pessoal cheia de pontos negros e, passo a
passo, levou a samaritana à conversão. O entusiasmo que manifestou no fim do
diálogo com Jesus é bem revelador da revolução interior que aconteceu no seu
coração por ter encontrado Jesus.
Na
pedagogia da fé, é fundamental encontrarmo-nos, pessoalmente, com Jesus. Todos
nós devemos encontrar o nosso poço de Jacob para, demoradamente, nos
encontrarmos a sós com Ele. Andamos inquietos e angustiados? Porque não tirar
um pouco do nosso tempo para entrar numa igreja e ouvir no silêncio a voz de
Deus que continua a falar? Quando damos espaço interior a Deus, poderemos
saborear a suavidade da sua presença espiritual. Entenderemos, então, que Deus
tem sempre uma palavra que é para mim e que essa palavra vai `minha frente a
desenhar o caminho.
Os
habitantes da cidade, por sua vez, deixaram-se também contagiar pelo testemunho
daquela mulher. Viram-na totalmente transformada e quiseram conhecer o Mestre
que acabaria por permanecer dois dias na Samaria. Ao ouvir os seus
ensinamentos, também eles se deixaram contagiar e converter por Jesus.
Se
descobríssemos também nós o dom de Deus! Não bastam as rotinas religiosas. É
importante deixarmo-nos surpreender por Jesus junto ao nosso poço. Certamente
Ele nos vai pedir a água que Lhe podemos dar, mas far-nos-á saborear os dons do
seu imenso amor.
A samaritana
mudou a sua vida. Também nós poderemos reencontrar a esperança se aceitarmos
caminhar com o redentor que salva as nossas vidas.
P. Mário
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