COMENTÁRIO|20161218
O evangelho do próximo Domingo
narra-nos o nascimento de nasceu segundo o relato de Mateus. Em tempo de
Advento, esta leitura do evangelho antecipa-nos o mistério para nos aproximarmos
de forma mais comprometida do Natal do Senhor.
Há leituras que já as ouvimos
tantas vezes que quase as sabemos de cor. É o caso do evangelho do próximo
Domingo. Quando assim é, corremos o risco de já não as escutarmos como se fosse
a primeira vez, esvaziando o seu carácter inesperado de Boa Nova da salvação. É
como se já soubéssemos como as coisas se passaram e mantemo-nos à distância do
acontecido, como se o nascimento do Menino fosse uma história passada que
conhecemos muito bem.
Este anúncio há-de ressoar nos
nossos corações com o fulgor duma primeira vez. E como precisamos que isso
aconteça! A profecia é sempre nova e o nascimento de Jesus não pertence ao rol
das histórias conhecidas. Jesus hoje quer nascer de novo e isso ainda não foi
vivido.
Perguntemos a uma mãe se já se
contenta com os beijos e os carinhos do seu filho que recebeu no passado e se
dispensa já o beijo de cada manhã que o seu filho lhe dá quando vai para a
escola, ou o sorriso nos lábios quando regressa a casa e a vê de novo. Para uma
mãe, cada momento com o seu filho, cada instante da sua vida é sempre algo novo
porque o seu amor de mãe nunca se desgasta.
Em certa medida, é isto que deve
acontecer em cada Natal. O Menino que a Virgem dá à luz é chamado Emanuel, isto
é, Deus connosco. Estamos habituados a pensar em Deus olhando para o alto,
imaginando-O para lá das nuvens. Ora o anúncio dos profetas que se concretiza
em Maria, é desconcertante. Deus não é mais uma ideia inacessível ou um ser
vago que imaginamos para lá das nuvens. O nosso Deus chama-se Emanuel, o nosso
Deus é “Deus connosco”.
Certamente é aqui que somos mais
tentados. No nosso íntimo habitam os horrores de Alepo, os recentes atentados
da Turquia e do Egipto, o drama dos refugiados e um amontoado de perplexidades
que geram o desencanto pelo mundo em que vivemos. Somos tentados a concluir que
Deus já não habita entre nós, que se instalou o poder do mal e se anuncia a
vitória da perdição. Nada de mais enganador.
Está em nós poder realizar a
profecia do Emanuel. Um gesto teu, uma partilha e um olhar tornam Jesus
presente na família, no trabalho na comunidade. Outrora o mundo estava em
convulsão e bastou o coração duma jovem que disse Sim a Deus para que tudo
mudasse. O Sim de Maria fez cair impérios, deu início a uma nova história.
O teu Sim pode fazer Jesus
nascer. Cada um de nós deveria re-escrever neste Natal o texto de Mateus.
Deveríamos poder dizer como nasceu Jesus na minha família, como nasceu Jesus na
minha escola, no meu trabalho só porque eu escutei o anúncio dos profetas,
disse Sim a Deus e deixei que o Espírito Santo me inundasse de luz.
Sim, Jesus quer nascer de novo,
mas precisa dos nossos corações e da nossa vontade.
P. Mário
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