COMENTÁRIO|20161211
O evangelho do próximo Domingo
revela-nos um eloquente episódio que mete em confronto João Baptista e o
próprio Jesus. O Nazareno tinha-se aproximado de João quando este pregava o
Reino nas margens do Jordão. De tal modo se sentiu tocado pelo anúncio do
Baptista que se apresentou para ser baptizado. Depois desta experiência Jesus
retirou-se para o deserto onde foi tentado.
Terminado este tempo de prova, foi
informado que João tinha sido preso e, impressionado por tal notícia,
retirou-se para a Galileia, primeiro para Nazaré e depois para Cafarnaum.
Começou, então, a pregar exortando à conversão e ao acolhimento do Reino que
estava próximo. João já não presenciou pessoalmente o início da pregação de
Jesus que se manifestava com uma mensagem vigorosa acompanhada de sinais que
testemunhavam a sua identidade de Messias. É neste contexto que nos surge o
evangelho do próximo Domingo. Os amigos de João faziam-lhe chegar à prisão as
notícias do que se estava a passar com o filho de Maria e de José. Perante os
relatos dos discípulos, João envia-os a Jesus a perguntar: “És Tu Aquele que
há-de vir ou devemos esperar outro?” Jesus não responde de forma directa,
antes, pede que vão contar a João os sinais que estavam a acontecer: curas de
muitos doentes e o anúncio da Boa Nova aos pobres.
Importa reflectirmos um pouco
sobre a resposta de Jesus. Não se refugia num discurso cheio de argumentos de
modo a demonstrar que Ele era o Messias, antes, faz apelo aos sinais que
acompanham a sua pregação. De igual modo, de nada nos serve dizer que somos
cristãos, que temos muita fé e que somos muito cumpridores dos preceitos
religiosos. A verdade da nossa fé manifesta-se pelo testemunho da nossa vida.
São as nossas obras de caridade e partilha, de confiança e fidelidade que falam
acerca da nossa fé. Quando alguém nos pergunta se temos fé, mais do que elencar
as afirmações do credo que professamos, deveríamos poder contar os sinais que
se manifestam na nossa vida. Amamos como Jesus nos amou? Estamos prontos a dar
a vida uns pelos outros? Não fazemos aos outros o que não queremos que nos
façam a nós? Então, temos verdadeiramente fé.
Quando os discípulos de João
partiram e foram ter com ele ao cárcere, Jesus ficou a falar com os presentes
acerca do testemunho de João Baptista. E perguntou: “Que fostes ver ao deserto?
Uma cana agitada pelo vento?...” Jesus acabará por referir que João era o
profeta enviado à frente como mensageiro da chegada do Reino de Deus. A sua
vida estava marcada pela coerência entre as palavras e os sinais que
testemunhava, por isso estava preso.
Neste tempo de Advento, será que
a nossa vida já demonstra os sinais da vida do Messias? Não basta esperar que
Ele venha: É necessário que ela testemunhe a caridade fraterna, a partilha, o
acolhimento, a compaixão. São esse o cenário que Jesus prefere. O nosso
testemunho como cristãos é o verdadeiro presépio onde Jesus quer nascer.
Moldemos, pois, o nosso coração. Agora que nos mobilizamos para construir
presépios nas nossas casas e nas igrejas, nas montras e nas praças,
preocupemo-nos, antes de mais com os sinais na nossa vida que devem testemunhar
a chegada da Luz e da ternura do nosso Deus.
P. Mário
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