COMENTÁRIO|20160529
O evangelho do nono Domingo do
Tempo Comum narra um sugestivo episódio do texto de São Lucas. Um centurião
tinha um servo que estimava muito e estava a morrer. Tendo ouvido falar de
Jesus e da fama que tinha por aquelas paragens, enviou alguns emissários para
convencer Jesus a que o viesse curar. Jesus acedeu, mas quando estava a caminho
da casa do centurião, este enviou novos emissários para lhe comunicar nem seria
necessário Jesus deslocar-se a sua casa. Bastaria uma palavra sua para que o
seu servo ficasse curado. Jesus ficou impressionado com a fé do centurião e
declarou que nunca tinha encontrada uma fé tão grande, nem mesmo em Israel.
O centurião deu um testemunho de
confiança absoluta. Bastaria uma palavra de Jesus para que o seu servo
recuperasse a saúde. Assim aconteceu. Mesmo sendo um estrangeiro, mesmo
pertencendo à administração romana, Jesus não ficou indiferente perante um tal
testemunho de confiança. Ao regressarem a casa, os enviados do centurião
encontraram o servo curado.
De que modo esta passagem do
evangelho de Lucas se pode aplicar na nossa experiência de fé?
A confiança na palavra de Jesus é
um dos sinais pelo qual evidenciamos a grandeza da nossa fé. Tal como as nossas
palavras revelam a nossa vontade e exprimem os nossos sentimentos, assim também
as palavras de Jesus revelam o seu pensamento e manifestam a sua vontade.
As palavras de Jesus são ricas de
sabedoria e uma inesgotável fonte de luz. Em muitas situações da nossa vida
concreta, na família, no trabalho, nos relacionamentos, somos confrontados com
situações difíceis de discernir e questões complicadas que nos deixam na dúvida
e na incerteza. Nesses momentos, bastaria tentarmos pôr em práctica as palavras
de Jesus que escutamos em cada Domingo para que tudo se iluminasse de forma
surpreendente. Sucede, no entanto, que escutamos a palavra de Jesus em cada
Domingo, mas depois não fazemos o esforço por aplicá-la à nossa vida concreta.
Ouvimos a palavra de Deus como se
fossem relatos distantes, contando episódios do passado, mais ou menos
sugestivos. Para o centurião romano, bastaria uma palavra de Jesus para que o
seu servo se curasse. Se vivêssemos mais de acordo com esta confiança, veríamos
também, talvez maravilhados, muitos mais sinais na presença actuante de Jesus
nas nossas vidas.
Hoje a ciência e a técnica
desenvolveram-se de tal forma que parece que têm resposta para tudo. A verdade
é nos confrontamos, a cada passo, com as insuficiências do saber humano. Este
não prescinde do Dom de Deus que a nossa confiança pode provocar. Em muitas
situações do nosso quotidiano, também para nós, bastaria confiar como o
centurião romano: bastaria uma só palavra de Jesus!
P. Mário