É Páscoa, de novo! Mais uma vez
somos convidados a celebrar o maior mistério da nossa fé. São Paulo chama a
este mistério “loucura” e “escândalo”. Era assim no seu tempo, continua a ser
hoje também!
Páscoa significa passagem. Esta festa
tem dois momentos fundamentais que poderíamos qualificar como a Páscoa antiga e
a nova Páscoa. A Páscoa antiga é a celebração da grande libertação dos judeus
depois de 400 anos em terras do Egipto e significou uma grande libertação para
todo o povo de Israel. A nova Páscoa é a celebrada por Jesus Cristo como sinal
redentor para toda a humanidade. Uma conduz à outra como uma história de
salvação que abraça todas as histórias de todos os povos.
No Egipto, o povo de Israel
experimentava a opressão do poder instituído. Israel ansiava poder edificar a
sua própria história, liberta de todas as opressões. Deus suscitou Moisés e,
mediante muitos sinais e prodígios, tal anseio veio a realizar-se. O povo
eleito encontrou o sentido da sua esperança e passou do cativeiro à libertação,
duma terra estrangeira à terra da promessa. A esta passagem se deu o nome de
Páscoa e nunca mais este povo a deixou de celebrar.
A esperança daquela noite
libertadora passou a ser o grande motor da história de Israel. Entre luzes e sombras
caminhou sempre iluminado por esta luz: Mesmo no cativeiro, Deus vem em nosso
auxílio. E cada cativeiro era pretexto para enraizar uma esperança maior. Este
povo sabia que Deus não ia faltar com a fidelidade à sua Aliança.
Jesus Cristo é a grande resposta
de Deus para todos os cativeiros. Ao vir até nós, encontrou um povo que ansiava
por uma libertação maior. Israel já tinha experimentado todas as libertações.
Já tinha tido Patriarcas, profetas, reis, uma terra, uma grande descendência,
até um império. Mas todas estas libertações tinham-se desgastado: Era preciso
uma libertação maior, eterna e definitiva.
Nesta esperança de Israel, todos
os povos se reencontram. É a nossa história comum. Todos os povos fizeram
grandes coisas na sua história mas mesmo as maiores glórias dos povos acabam
por se desvanecer e reduzem-se a memórias passadas que já não alimentam a
esperança no presente. Por isso, todos os povos anseiam uma verdade maior: Uma
esperança que não passe com o desgaste dos ventos da história.
Deus sabe o que precisamos: A
esperança que vem do Amor! Toda a esperança que vem da guerra e da violência,
do poder e das horarias, do dinheiro e da ganância, vai sucumbir. Só a
esperança que é gerada no Amor, vai permanecer. E Deus quis celebrar com todos
os o maior gesto do seu amor: O seu próprio Filho!
O gesto maior do Amor foi dar a
vida por todos nós. Qualquer gesto humano não pode salvar o humano. Só um gesto
de Deus nos pode fazer passar da nossa condição de oprimidos à dignidade de
gente salva que celebra a esperança. A morte e a ressurreição de Jesus é esse
gesto do amor de Deus que rompe as cadeias da nossa opressão e nos permite
abraçar com olhos novos o novo sentido da nossa história.
Experimentamos hoje novos
cativeiros: As conflitualidades crescentes, o desmoronamento das famílias e de
todo o tecido social, o escândalo da guerra e dos poderes económicos, a
ausência dos valores e o ofuscamento dos valores espirituais vão tornando cada
vez mais atormentadas as razões da nossa esperança. Só um gesto que não venha
dos “grandes senhores” que terão sempre a lógica do mais forte, mas do Senhor
da história poderá revitalizar a nossa esperança.
A Páscoa é a expressão duma
magnífica história de Amor. Deus ama-nos tanto que nos deu o seu maior dom: O
seu Filho! Só o amor nos transforma e o convite, mais uma vez, ecoa no coração
da humanidade: Acolhe o dom de Deus que é o seu Filho para que as tuas trevas
se transformem em luz e o teu desespero dê lugar à esperança.
Precisamos de Páscoa porque
precisamos desta grande passagem para o amor que tudo redime e salva. E esta é
a Hora! A indiferença pelos gestos de Deus patente na nossa civilização actual
poderá hipotecar a nossa possibilidade de libertação. O mundo engana-nos porque
nos quer explorar. Só Deus nos salva porque nos quer amar.
Já experimentámos tudo o que o
mundo tem para nos oferecer e sabemos como são enganosas as suas propostas.
Deixa que Deus te toque com seu amor, celebra a Páscoa e verás como a esperança
não é ilusão. É Hora da Passagem: Boa Páscoa!
Pe.
Mário Tavares de Oliveira
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