COMENTÁRIO|20170604
No próximo Domingo, a Igreja
celebra a solenidade do Pentecostes. Esta palavra grega significa 50 dias
depois da Páscoa. Este dia ficou assinalado pela descida do Espírito Santo
sobre os apóstolos que, com Maria, estavam reunidos no Cenáculo. Em cada ano, a
Igreja faz memória desse dia e convida-nos a abrir s nossos corações para
acolhermos o dom do Espírito Santo que completa em nós a acção salvadora de
Jesus.
Liturgicamente, a celebração do
Pentecostes encerra o Tempo da Páscoa. Com efeito, há 50 dias reunimo-nos para
celebrar a ressurreição do Senhor. Acendemos o Círio da Páscoa que, bem erguido
à frente da comunidade, ia rasgando as trevas da noite enquanto nós
aclamávamos: “-Eis a Luz de Cristo: Graças a Deus!”. Um precioso hino anunciava
o mistério daquela noite e todos nos deixávamos tocar pela graça da Vigília
Pascal que é a mãe de todas as liturgias. Do mais fundo do nosso coração
cantávamos “Aleluia, o Senhor ressuscitou” e uma alegria imensa inundava toda a
assembleia e cada um de nós.
O evangelho deste dia é tirado do
texto de João e ilustra o que aconteceu no primeiro encontro de Jesus
ressuscitado com a comunidade dos discípulos. Na madrugada desse dia, os
discípulos encontraram o sepulcro vazio; ao anoitecer desse dia, o cenáculo
inundava-se com a Graça do ressuscitado.
É interessante ver como o texto
de João começa por evocar os sinais de apreensão que caracterizavam o estado de
espírito dos discípulos depois de tudo o que tinham vivido: Tudo acontece ao
anoitecer, as portas estão fechadas, há medo dos judeus. Inesperadamente, Jesus
ressuscitado aparece no meio deles e passam a sentir a alegria do encontro.
A intenção de Jesus não foi a de
comprovar o seu poder omnipotente para que os discípulos ficassem a temer o seu
nome. Não foi uma forma de ostentação da omnipotência divina face às
debilidades humanas. Jesus vem, saúda-os com a sua Paz e envia-os em missão. A
missão é a grande razão das aparições do ressuscitado.
É desta forma que João narra a
experiência do Espírito Santo por parte da comunidade primitiva. Tal como Jesus
passa da morte à vida, também os discípulos passam do desânimo ao entusiasmo e
da prostração à missão. É o encontro com Jesus que os faz recuperar a alegria.
Sem esse encontro, se tudo culminasse com a morte do Mestre, tudo teria sido em
vão. O encontro com o ressuscitado deu significado a tudo o que tinha
acontecido ao longo dos três anos em que conviveram de perto com Jesus. Agora
tudo faz sentido. Era a hora da missão. Com o Espírito Santo, era a missão de
Jesus que continuava na missão da Igreja.
A experiência de outrora não
perdeu actualidade. Hoje somos chamados a celebrar os mesmos gestos de outrora.
O que acontece em cada Domingo senão a actualização da descida do Espírito
sobre a comunidade? Em cada Domingo, somos muitos e diversos, mas congregados
no Espírito de Jesus, somos Um só e fazemos a experiência da comunhão em
Cristo. Jesus comunica-nos a sua Palavra, renova-nos no Espírito,
alimentamo-nos do Seu Corpo e partimos em missão. Cada Domingo evoca a experiência
do Pentecostes que faz renascer a Igreja e a acção de Cristo no mundo através
daqueles que Jesus envia.
P. Mário
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