O quarto Domingo do Tempo da
Páscoa é um dia cheio de significado para a comunidade. Celebra-se o Dia Mãe, o
Dia do Bom Pastor e é ainda o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. As comunidades dão espaço à sua criatividade
para sublinhar através dos sinais a riqueza das intenções que celebramos no
próximo Domingo. Mas, acima de tudo, não podemos esquecer que estamos na Páscoa
e que o Espírito do Ressuscitado há-de continuar a iluminar os nossos corações.
O evangelho do próximo Domingo é uma passagem de João onde Jesus recorre à
alegoria do pastor e do rebanho, da porta e do aprisco para revelar a sua
identidade e a missão da Igreja.
Jesus está em Jerusalém. Detém-se
por lá vários dias. Havia grande expectativa entre os habitantes de Jerusalém
para saber se Jesus ia ou não celebrar a Festa na cidade santa. Jesus decidiu
ir e não virou costas à sua missão. Foram dias intensos aqueles que precederam
os episódios da sua paixão, morte e ressurreição.
Muitos interrogavam-se se Jesus
seria ou não o Messias. As autoridades, por seu lado, procuravam um pretexto
para O prender. O milagre da cura do cego de nascença, em dia de Sábado, tinha
gerado grande controvérsia. Quem era afinal Jesus?
Jesus recorre à linguagem das
parábolas para dizer quem é. A vida pastoril é um cenário fecundo para o
anúncio de Jesus. Compara o povo ao rebanho das ovelhas que estão no redil.
Muitos são ladrões e salteadores que saltam a vedação para fazer mal às
ovelhas. O pastor entra pela porta para cuidar do seu rebanho. As ovelhas
conhecem a sua voz e escutam-no porque sabem que ele é o Pastor. O Pastor só
quer o bem das suas ovelhas. As ovelhas seguem-no porque sabem que o pastor as
conduz para pastagens verdejantes.
Os judeus não entenderam o
significado desta comparação e Jesus teve a necessidade de ser mais explícito.
Revelou-lhes, então, que Ele era a Porta e não uma Porta qualquer. Quem entrar
por esta Porta será salvo. Jesus é a Porta da nossa salvação. Esta era a grande
verdade sobre a sua identidade. Ao fazer esta afirmação, Jesus colocava-se no
lugar do Messias o que escandalizava muitos dos judeus.
Já na primeira leitura, Pedro
indicava o Baptismo em nome de Jesus como o caminho para o perdão dos pecados e
da salvação. Era o primeiro anúncio apostólico e os discípulos não hesitavam em
apresentar Cristo como salvador e redentor. Na segunda leitura, Pedro apresenta
Cristo como Aquele que devemos seguir. Antes, éramos ovelhas desgarradas, mas
agora, em Cristo, temos um Pastor e um Guia.
Ser cristão não é seguir um
amontoado de ideias ou de doutrinas. Ser cristão é, antes de mais, seguir uma
Pessoa que me ama e está pronto a dar a vida por mim. Com uma pessoa, posso-me
aproximar, criar relação, deixar-me tocar, amar e deixar-me amar. Esta é a
beleza maior da nossa fé. A esta beleza nos convida Jesus quando diz que Ele é
a Porta da verdadeira vida que nos veio trazer em abundância.
O mundo rouba-nos muito
facilmente a paz interior, a serenidade e a sede de Deus. Sem saber como, somos
roubados por ladrões sem nome. Nesta semana, procuremos estar atentos para que
nada nos afaste de Jesus Cristo que é a verdadeira Porta.
P Mário